sexta-feira, 28 de março de 2014

O uso de mini-implantes na Ortodonti


Utilização de mini-implantes na correção de problemas ortodônticos aponta nova tendência da Ortodontia


 






Um tratamento que seja mais rápido e menos incômodo é o sonho de qualquer pessoa que precise passar por um tratamento ortodôntico. Se, além disso, o tratamento apresentar uma maior eficiência, melhor ainda. É justamente em busca disso que a Ortodontia tem evoluído, sempre atrás de melhores resultados para seus tratamentos.

Uma das novas tendências da Ortodontia é a utilização de dispositivos transitórios de ancoragem (DTAs) na correção de problemas ortodônticos. Entre esses dispositivos estão os mini-implantes, que são utilizados para fazer a movimentação dentária de modo seletivo, aplicando forças contínuas com mais eficiência e diminuindo o tempo de tratamento.

Mini-implante de ponta ativa

Como funciona

A utilização de mini-implantes proporciona uma ancoragem esquelética, que impede a movimentação da unidade de reação frente à mecânica ortodôntica. Os mini-implantes agem somente sobre o local determinado, fazendo com que os dentes sadios não sofram qualquer interferência.

Os mini-implantes utilizados para correções ortodônticas funcionam basicamente como os de finalidade protética, com a diferença de apresentarem um tamanho bastante reduzido e serem de fácil colocação e remoção. Eles são resistentes a forças ortodônticas, podem receber cargas imediatas e são utilizados na correção de diversos problemas ortodônticos.

Uma das principais vantagens dos mini-implantes é que, devido a seu tamanho reduzido, podem ser colocados nos mais diversos locais, tanto na maxila quanto na mandíbula ou no palato, em espaços extremamente reduzidos. Uma avaliação clínica seguida de radiografias peripicais e panorâmicas, junto com o quadro clínico do paciente, irá mostrar qual o melhor local para a implantação dos DTAs. O local escolhido é que irá determinar o tamanho e o diâmetro do mini-implante e, consequentemente, no sucesso ou não do tratamento.













O tratamento com mini-implantes abrange um grande leque de problemas ortodônticos, que vão desde mordida cruzada até distalização de molares e intrusão de dentes incisivos e posteriores, sempre com um resultado mais rápido e que não depende da colaboração do paciente, que normalmente serve de empecilho para alguns tratamentos.

Estrutura dos mini-implantes

Os mini-implantes ortodônticos normalmente são fabricados em titânio, apresentando diferentes graus de pureza.  O diâmetro pode variar de 1,2 a 2,0 mm e o comprimento de 4 a 12 mm. Pode-se dividir os mini-implantes em três partes distintas: cabeça, perfil transmucoso e ponta ativa.

A cabeça do implante é a parte que ficará exposta e servirá para acoplar os demais dispositivos ortodônticos utilizados no tratamento. Ela possui em todos os casos uma perfuração transversal para possibilitar a ativação ortodôntica.

O perfil transmucoso é o responsável pela acomodação do tecido mole e seu comprimento pode variar de 0,5 a 4 mm, dependendo da espessura da mucosa da região.

A ponta ativa dos mini-implantes podem ser de dois tipos: auto-rosqueantes ou autoperfurantes. Esses últimos, por não necessitarem de fresagem óssea, simplificam o processo operatório e oferecem uma maior estabilidade primária.

Implantação

Os mini-implantes são colocados com a ajuda de chaves manuais curtas ou longas ou, em alguns casos, chaves mecânicas acopladas a um motor cirúrgico de baixa rotação (20rpm). As chaves mecânicas são mais utilizadas na colo-cação de implantes em locais de difícil acesso para as chaves manuais, como o palato e a região retromolar. As chaves manuais são mais indicadas porque permitem uma melhor percepção da densidade óssea e da resistência à implantação, que ajudam no diagnóstico da estabilidade primária.

Os DTAs podem ser colocados por um ortodontista ou por um implantodontista, sendo muito importante a comunicação entre os dois para que a implantação seja no local correto. Normalmente eles são posicionados entre as raízes, já que as regiões apicais são as que apresentam maior espaço para a implantação. O espaço deverá corresponder a, no mínimo, o diâmetro do implante mais 1,5 mm – 0,25 mm para cada raiz e 1 mm de margem de segurança. Caso a área escolhida não apresente o espaço mínimo exigido, é necessário optar por um outro local, mudar a angulação do implante, ou, ainda, aumentar esse espaço através do afastamento das raízes.
                                                                        
   
    









  
O sucesso da ancoragem dependerá da estabilidade primária do mini-implante. Essa estabilidade pode ser avaliada logo no momento da implantação, através do controle das forças aplicada à chave digital: quanto maior a resistência do local à implantação, maior será a estabilidade inicial no DTA. Para se avaliar a estabilidade após a fixação, pode-se pressionar a cabeça do implante em diferentes sentidos. Em caso de baixa estabilidade, haverá isquemia na região ao redor do implante, o que mostra que é preciso escolher um outro local para a implantação ou colocar um implante de maior diâmetro.

Para adquirir uma melhor estabilidade primária, recomenda-se que o diâmetro do mini-implante seja 0,2 ou 0,3 mm superior ao da fresa utilizada na osteotomia. Em casos de áreas de baixa densidade, esse diâmetro deve ser superior em 0,4 ou 0,6 mm. A cirurgia costuma ser simples e não leva mais de meia hora.

Na hora de retirar os mini-implantes, o procedimento é basicamente o mesmo. Com a ajuda de uma chave manual ou mecânica, retira-se o DTA realizando o movimento oposto ao da implantação. Não é necessário nenhum procedimento de sutura ou curativo, já que a cicatrização do local é completa em um curto espaço de tempo.

Higienização

Para evitar qualquer tipo de inflamação que venha a atrapalhar o tratamento, alguns estudiosos sugerem uma ação antibiótica antes da cirurgia, com a aplicação de algum antibiótico duas horas antes do procedimento e a utilização de um antiinflamatório durante os três dias precedentes ao ato cirúrgico. Dessa maneira seriam eliminadas as variáveis que poderiam levar a um quadro de infecção.

A higiene pós-cirúrgica também é de grande importância para a manutenção da boa saúde bucal e para evitar inflamações periimplantares. Durante as duas semanas seguintes à cirurgia, o paciente deve higienizar o local com uma escova periimplantar extra-macia – esta não irá agredir a região recém operada. A operação deve ser feita duas vezes ao dia com a escova embebida em uma solução de gluconato de clorexidina 0,12%.

 


Limpeza com escova periimplantar extra-macia

Passadas as duas primeiras semanas a higienização já pode ser feita normalmente, somando-se um bochecho com anti-séptico bucal à base de triclosan 0,03% três vezes ao dia. Também é importante ressaltar a importância de um acom-panhamento odontológico semanal durante o primeiro mês.

Complicações
 

Por ser um tratamento ainda recente, a utilização de mini-implantes ortodônticos pode incluir algumas complicações. Entre essas complicações está a perda de estabilidade decorrente da aplicação de forças ortodônticas. Quando a estabilidade primária adquirida na implantação é baixa, os implantes podem sofrem movimentação com a aplicação das forças ortodônticas. A perda de estabilidade também pode estar relacionada com uma inflamação nos tecidos peri-implantares. Assim que a perda de estabilidade for detectada, deve-se retirar o implante.

Como o mini-implante é normalmente colocado em regiões radiculares, deve-se tomar muito cuidado para não perfurá-las. Embora pesquisas tenham mostrado que a região lesionada recupera-se rapidamente, é melhor evitar qualquer complicação. Também deve-se tomar cuidado com os elásticos e molas acoplados aos DTAs, pois podem causar ferimentos na língua ou na mucosa jugal. É preciso ficar atento a essas lesões, pois, dependendo de seu grau, é recomendada a retirada do implante.


Um dos grandes riscos da utilização de mini-implantes em tratamentos ortodônticos é a fratura dos dispositivos. Os DTAs são muito resistentes às forças ortodônticas aplicadas ao longo do tratamentos, sendo, nesses casos, o índice de fraturas extremamente baixo.

As fraturas normalmente ocorrem no momento da implan-tação ou remoção dos DTAs. Isso pode ser decorrente do excesso de pressão aplicada à chave de inserção do implante ou à utilização de um contra-ângulo com torque superior a 10Ncm.

Para minimizar os riscos com fratura, devem-se realizar – tanto na implantação quanto na remoção – movimentos cêntricos, evitando a concentração excessiva de forças em um determinado lugar.

As complicações que envolvem o uso de mini-implantes ortodônticos podem ser bastante reduzidas se o trabalho do profissional for feito corretamente. O sucesso do tratamento depende muito da capacidade do profissional. Se o trabalho for bem feito, o uso dos DTAs pode trazer resultados muito promissores à Ortodontia.

Fonte: Portal Open

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