quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Saúde da boca previne o mal de alzheimer e doenças do coração

A saúde da boca é um tema que, diferente de anos passados, vem ganhando cada vez mais espaço junto a população e em estudos científicos. Através da saúde se pode detectar doenças ou até mesmo contraí-las, como é o caso do Mal de Alzheimer e as doenças do coração.

O Mal de Alzheimer, degeneração cerebral que atinge cerca de 3% da população com idades entre 65 e 74 anos, é uma doença que ataca não só o doente, mas toda a família. A perda gradativa das funções cerebrais, de memória, raciocínio e comportamento levam a um quadro doloroso que pesquisadores e médicos procuram evitar ao máximo através de medicamentos e soluções que ao menos retardem a evolução do quadro.
Uma dessas soluções aparece em um setor de saúde que, aparentemente, não apresenta nenhuma ligação com a doença: a odontologia. "Pesquisas como da University of Southern California mostraram que doenças periodontais podem contaminar o cérebro com toxinas que, a longo prazo, desencadearão uma inflamação cerebral e quadruplicam as chances de ocorrência do Alzheimer", afirma o cirurgião dentista Silvio Pardo. Segundo ele, as bactérias que surgem nas infecções de gengiva migram através da corrente sanguínea e podem alcançar diversos órgãos e tecidos. "A saúde da boca, portanto, não diz respeito apenas à boca, mas por todo nosso corpo", alerta.

A Faculdade de Odontologia de Nova York também caminhou por esse lado. Estudo recente mostrou que os doentes de Alzheimer possuíam um nível muito mais alto de anticorpos e moléculas inflamatórias diretamente relacionadas a quem teve um histórico de doença periodontal em relação a indivíduos saudáveis.

Nem mesmo a mastigação ficou de fora. Quem mastiga de forma incorreta, ou não consegue fazê-la por falta de dentes, pode acumular uma proteína específica, chamada beta, no sistema nervoso central. Essas proteínas danificam neurônios e são indicadoras de Alzheimer. "Então com isso devemos manter os dentes em ordem para preservar a função mastigatória e evitarmos que idosos passem a se alimentar de comidas pastosas. Quanto mais tempo pudermos mastigar nossos alimentos, melhor", ensina pardo.

Estímulo
Se os especialistas concordam que devemos sempre estimular nosso cérebro através de diversas atividades, como falar outras línguas e fazer palavras cruzadas, por exemplo, a odontologia inclui também a perfeita manutenção das capacidades mastigatórias e o cuidado com a gengiva para evitarmos infecções que possam desencadear algo pior no futuro. "O Mal de Alzheimer tem seu componente genético, mas podemos evitar ao máximo cuidando de todos os setores que podem fazer a doença surgir. A odontologia tem papel crucial nesse diagnóstico", finaliza.
INCOR
Quando ouvimos falar em cuidados com o coração, logo pensamos na necessidade de realizarmos uma alimentação saudável e nos exercícios físicos frequentes; quase nunca ou poucas vezes esses cuidados são relacionados com a saúde bucal. Existem diversas reportagens sobre como prevenir doenças do coração, mas muito pouco ou nada é relacionado aos problemas bucais que podem causar um processo infeccioso grave, chamado Endocardite Infecciosa ou Endocardite Bacteriana, segundo Iara Hamaoka, cirurgiã-dentista especialista em Periodontia, responsável por promoção de saúde na OdontoPrev.
Além dos dentistas, todos os formadores de opiniões, possuem a missão de conscientizar as pessoas que os problemas bucais podem ser tão ruins para o nosso coração, quanto o excesso de sal, comidas gordurosas e o sedentarismo. A Endocardite Bacteriana é uma grave infecção provocada por bactérias, que ao circularem pela corrente sanguínea, podem se instalar e inflamar válvulas do coração podendo causar derrames e até a morte. Ocorre em qualquer idade e pode atingir principalmente o coração de pessoas que já possuem determinadas anormalidades congênitas e/ou adquiridas.

A especialista aponta que pessoas que possuem doenças periodontais, isto é, inflamações na gengiva e no periodonto (estruturas que sustentam o dente no osso), são duas vezes mais susceptíveis a sofrer doenças cardíacas do que aquelas com gengivas saudáveis.

Pesquisas realizadas no Incor (Instituto do Coração) em São Paulo constataram que aproximadamente 45% das doenças cardíacas têm origem na cavidade bucal, devido a cáries profundas com comprometimento do canal, gengivas inflamadas, restos de dente e abscessos.

“A pessoa que não possui bons hábitos de higiene oral oferece "portas de entrada" para a penetração dos microorganismos comuns desta cavidade na corrente sanguínea, sendo extremamente perigoso para os portadores de lesão cardíaca congênita e/ou adquirida e com um sistema de defesa enfraquecido”, explica a especialista.

Acostumado a escovar os dentes empunhando de muita força, o supervisor de compras Valdir Fernandes foi surpreendido com uma grave infecção na gengiva.

Fernandes correu o risco de perder toda a parte da arcada dentária inferior, tendo em vista a gravidade de sua infecção.

“Eu jamais imaginei que escovar os dentes da forma com que eu escovava estivesse me acostumando. Uma escova de dentes para mim não durava nem dois meses, de tanta força que eu colocava ao fazer a escovação”, relembra.
Seu incômodo começou com um pequeno sangramento na gengiva. Mesmo assim Valdir, que fuma há mais de 20 anos, não se preocupou em procurar um especialista.

“Eu achei que tivesse me machucado com alguma coisa e nunca imaginei que pudesse ser uma inflamação. Eu não tinha mau-hálito e muito menos sentia dor”, explica.

Depois de passar alguns dias, o sangramento aumentou e a gengiva começou a inchar, com medo, finalmente o supervisor de compras procurou um dentista.

“Quando eu cheguei ao consultório a dentista ficou chocada. Os meus dentes estavam amolecendo e minha gengiva toda inflamada. Quando ela disse que eu poderia perder os dentes vi que a coisa era séria”, relembra Valdir Fernandes.

CURA

O processo para recuperar sua saúde bucal e também os dentes foi lento e doloroso. Além de tomar remédios, Valdir fez algumas raspagens na gengiva, e foi obrigado, aos 51 anos, a aprender escovar os dentes de forma correta.

“Eu senti muita dor, tive muito medo de ficar sem dentes e principalmente de ter uma doença por conta dessa infecção. Quando recebi aula de como escovar os dentes corretamente me senti uma criança de cinco anos”, brinca.

Depois do susto e do sofrimento enfrentado, Valdir mudou seus hábitos e hoje consegue sorrir com mais tranqüilidade.
“Escovo os dentes com calma, uso fio dental e em seguida um enxaguante bucal. O susto me ensinou uma grande lição”, finaliza.

Fonte: O Regional online

Nenhum comentário:

Postar um comentário